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Temer, nomeie Moro ministro do STF

Não é irresponsabilidade suspeitar que a morte do ministro Teori Zavascki não foi acidental. Irresponsabilidade seria não suspeitar disso.

Quando uma morte não acidental ocorre, a polícia sempre faz a mesma pergunta: Quem se beneficiaria com o desaparecimento dessa pessoa?

No caso de Teori, a resposta aponta para alguns dos homens mais poderosos do país. Teori era o relator da Lava-Jato e estava trabalhando naquela que foi cognominada de "A Delação do Fim do Mundo". Setenta e sete diretores da Odebrecht prestaram centenas de depoimentos e revelaram o envolvimento de mais de cem políticos em esquemas de corrupção. Teori deveria homologar essa delação em fevereiro.

A Lava-Jato não morre com Teori, mas muda. Cada juiz tem a sua forma de trabalhar e os seus critérios. Ninguém sabe como se comportará o novo relator da Lava-Jato. Ninguém sabe como ele irá tratar as delações da Odebrecht.

É evidente, também, que pode muito bem ter sido um acidente. Pode ser, apenas, uma terrível falta de sorte de Teori, da família dele, de seus amigos e das pessoas que esperam um Brasil mais limpo. O problema é a coincidência.

Neste momento, às vésperas da homologação do conjunto de delações mais aguardado da história do país, justamente um ministro do STF, justamente Teori, morre num desastre aéreo. Parece filme. Com a diferença de que, na ficção, o Bem vence no final.

Essa desconfiança vai amassar o Brasil já tão sofrido, vai abalar as esperanças da população, vai tornar o país ainda mais cínico. Só um homem pode reverter essa tragédia. Só um. O presidente Michel Temer.

Se Temer quiser se consagrar, se quiser salvar seu governo e a fé do povo em seu próprio país, tem de tomar uma atitude hoje mesmo: nomear Sergio Moro ministro do STF. Se Temer tiver essa coragem, esse desprendimento e essa grandeza, ele dará a grande virada. Com um único lance de caneta, Temer eliminará todas as suspeitas que existem sobre ele, e as suspeitas existem e são muitas e são graves. Melhor: ganhará a admiração da população e o respeito de seus pares. Melhor ainda: mostrará ao mundo e aos brasileiros que o Brasil tem futuro.

As crises mais graves são as que fornecem as melhores oportunidades. Temer está a um passo de redimir o Brasil. Ou de desgraçá-lo de vez.

Autor: David Coimbra - Zero Hora