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Taxa básica de juros cai para 13% ao ano

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central (BC) surpreendeu o mercado e anunciou ontem a redução da taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto percentual, para 13,00% ao ano. É o terceiro corte seguido da taxa e o primeiro acima de 0,25 ponto percentual, dentro do atual ciclo de afrouxamento monetário.


A decisão surpreendeu os analistas financeiros, que previam o corte de 0,5 ponto percentual. Essa era a redução projetada pelos economistas ouvidos pelo BC no boletim semanal Focus, divulgado na última segunda-feira, dia 9. A última vez em que a Selic teve queda de 0,75 ponto percentual foi em abril de 2012.

O BC chegou a cogitar reduzir a taxa básica da economia em 0,50 ponto percentual – como a maioria dos analistas previa. O Copom, no entanto, entendeu que a ancoragem da inflação nos próximos dois anos já abre espaço para acelerar o movimento de corte da taxa Selic. Por isso, o BC surpreendeu o mercado financeiro.

“O Copom avaliou a alternativa de reduzir a taxa básica de juros para 13,25% e sinalizar uma intensidade maior de queda para a próxima reunião”, cita o comunicado divulgado pelo BC. “Entretanto, diante do ambiente com expectativas de inflação ancoradas, o Comitê entende que o atual cenário, com um processo de desinflação mais disseminado e atividade econômica aquém do esperado, já torna apropriada a antecipação do ciclo de distensão da política monetária”, argumentam os diretores do BC. O Copom explica que, por isso, decidiu estabelecer um “novo ritmo de flexibilização”.

Os motivos que levaram a um corte mais amplo dos juros são o declínio da inflação e a demora na recuperação da economia. Na manhã desta quarta-feira, foi divulgado o IPCA de 2016. O índice oficial de inflação, calculado pelo IBGE, ficou em 6,29%. Foi a primeira vez desde 2014 que o índice oficial de inflação ficou abaixo do teto da meta do governo, de 6,5%.

Dados mais fracos da atividade econômica consolidaram nos últimos dias as apostas de corte de pelo menos 0,50 ponto da Selic, como a produção industrial de novembro, que ficou abaixo das expectativas. O indicador, divulgado na semana passada pelo IBGE, cresceu apenas 0,2% na comparação com outubro, contra estimativas de alta de 1,3%.

Além disso, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, reforçou, no mês passado, que a autoridade monetária iria intensificar o ritmo de corte da taxa básica de juros em janeiro se a atividade econômica permanecesse fraca, conforme indicou a ata da reunião do Copom de 30 de novembro.

O Copom sinalizou em comunicado que deve manter o ritmo forte de corte de juros nos próximos meses devido à inflação mais baixa e à atividade econômica fraca. “Diante do ambiente com expectativas de inflação ancoradas, o Comitê entende que o atual cenário, com um processo de desinflação mais disseminado e atividade econômica aquém do esperado, já torna apropriada a antecipação do ciclo de distensão da política monetária, permitindo o estabelecimento do novo ritmo de flexibilização”, afirmou a autoridade monetária.

O BC esclareceu ainda que projeta uma inflação abaixo de 4,5%, que é o centro da meta, para 2017. “As projeções no cenário de referência encontram-se em torno de 4,0% e 3,4% para 2017 e 2018, respectivamente. Já no cenário de mercado, situam-se em torno de 4,4% e 4,5% para 2017 e 2018, respectivamente”, disse o BC no comunicado.