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Chegando ao fim ou nem começou?

Na medida em que o ano vai se aproximando dos seus momentos finais, todos os setores da economia brasileira – e mundial – começam a questionar se estamos fechando um ciclo econômico de grandes dificuldades e profundas mudanças, ou se ele apenas começou.

Na navegação mundial, fecharemos 2016 com marcos históricos. A abertura da expansão do Panamá trouxe ao Caribe a possibilidade de receber grandes navios e participar das tendências mundiais de aumento das embarcações. A nova eclusa de Antuérpia permitiu ao porto uma movimentação muito mais eficiente e acesso a novos mercados na Europa. Apesar da diminuição nos preços do petróleo, o que afetou a indústria árabe, os portos da região do Oriente Médio galgaram posições no comparativo mundial de terminais de containers. A próxima prova por que passará o mercado global da navegação serão as novas alianças, quando as companhias serão reorganizadas em três grandes grupos de armadores mundiais, a partir de abril de 2017.

Mas o ano não vem sendo caracterizado apenas por ganhos e expansões. Pelo contrário, testemunhamos a quebra de um dos principais armadores mundiais, com disputas sobre ativos parados, distribuídos nos quatro cantos do mundo, dada a insolvência da companhia diante de seus credores. Tivemos destruições significativas decorrentes do furacão Matthew, que prejudicaram a cadeia de suprimentos no Caribe e na América do Norte, além de ataques terroristas aos aeroportos, levando a Europa a reconsiderar todo o controle de segurança dentro da Comunidade Europeia.

Assistimos à votação do Reino Unido pela saída da União Europeia, gerando tantas expectativas quanto incertezas sobre as relações comerciais internacionais e a estrutura de acesso ao mercado europeu, e incentivando outras economias a seguir o mesmo caminho. Aguardamos o desfecho de capítulos complicados da história, como as ideias de “desglobalização”, uma certa recentralização da produção e do consumo e a transferência dos mercados para as plataformas digitais.

Na tentativa de recuperar mercados perdidos, acompanhamos quedas bruscas de tarifas de frete, de serviços, de contratos, e, ainda assim, vemos as empresas enfrentando cada vez mais dificuldades de cumprir seus compromissos e ajustar-se às novas tendências que vêm redesenhando fluxo mundial de cargas.

Enquanto isso, os portos brasileiros, apesar de investirem como podem em infraestrutura, dragagem e parametrizações ambientais para atender ao mercado internacional, ainda não são vistos pelo mundo como capazes de absorver as novas tendências de grandes embarcações. Tampouco a situação política brasileira permitiu que o país conquistasse qualquer tipo de credibilidade no comércio mundial, apesar das últimas tentativas do atual governo em prol do comércio exterior. Mesmo com as operações anticorrupção que alardeiam mundo afora a noção de que o Brasil começou a combater os esquemas de corrupção, a credibilidade do país ainda é uma luz no fim de um túnel de longa quilometragem. Já é novembro, e as ruas começam a brilhar com luzes de natal; o que significa que, mais uma vez, ficou para a próxima.