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Um descompasso chamado impeachment


Uma enquete realizada pela Câmara Americana de Comércio ouviu 155 diretores financeiros sobre o atual momento econômico brasileiro, ajuste fiscal e perspectivas. O resultado é que, na percepção de 67% deles, a recente onda de otimismo vista em alguns setores ainda é uma questão pontual, como um voto de confiança ao governo de transição que segue sem base concreta capaz de garantir melhora de fato na economia, ainda carente de reformas e ajustes. Uma parte menor (24%) dos consultados enxerga já uma retomada concreta da economia, em crédito à nova agenda econômica e a ajustes do atual governo. Outros 6% não observam otimismo.

A pesquisa diz ainda que a expectativa pela votação do impeachment vinha retardando investimentos e decisões estratégias em empresas brasileiras, segundo 48% dos diretores e gestores financeiros ouvidos pela Câmara Americana de Comércio. Outros 35% dos consultados afirmam que a indefinição política não é um fator de impacto no adiamento de investimentos e estratégias de negócio.

Em médio prazo, porém, o otimismo da economia deverá aparecer de fato, aponta a enquete, mostrando que, para a maioria (73%), o cenário de 2017 será de recuperação, trazendo melhoras nos indicadores de consumo e produção. Para 22%, no entanto, a incerteza perdura, com agravamento da crise no próximo ano.

No cenário macroeconômico, alguns fatos estão preocupando os empresários brasileiros, que as listaram na pesquisa como grandes pontos de observação comum: consumo em baixa (39%), possibilidade de aumento de impostos (17%), inadimplência alta (14%), câmbio volátil (13%) e crédito escasso (5%).

A crise trouxe também pressões internas na atividade de gestão financeira das companhias. Na agenda de 56% deles, a busca por eficiência e otimização de processos aparece de forma mais intensa por conta do contexto de incerteza econômica e política. Corte de gastos (24%); gestão do risco financeiro (9%) e busca por crédito (6%) foram outras atividades citadas pelos diretores financeiros como grandes atribuições do financeiro neste ano.

Para 65%, o principal fator da crise no Brasil é político, em decorrência dos escândalos de corrupção e conflitos partidários e de governo. O fator econômico é apontado por 32%, que citam como causa da crise a situação fiscal enfrentada pelo governo. Apenas 2% enxergam na crise brasileira a influência do mercado externo e da desaceleração das grandes economias globais.