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Um novo respiro

Indústria petrolífera recebe atenção e deve se beneficiar de queda acentuada nos custos de exploração


As petrolíferas americanas Chevron Corp., Exxon Mobil Corp. e várias de suas empresas parceiras anunciaram gastos que chegam a US$ 37 bilhões na expansão do projeto Tengiz, no Cazaquistão.
Um dos maiores investimentos desde que os preços do petróleo começaram a despencar, há dois anos, ao decidirem investir agora, as maiores petrolíferas do mundo devem se beneficiar de uma queda acentuada nos custos de exploração que se seguiu ao recuo dos preços do petróleo. Equipamentos, de bombas a sondas de perfuração, serviços do setor e até a mão de obra estão mais baratos porque as prestadoras de serviços foram obrigadas a baixar preços em meio à queda na atividade em relação à quando o barril era negociado em torno de US$ 100.
A recente onda de investimentos pode indicar uma possível recuperação dos preços - após caírem de cerca de US$ 115 por barril em meados de 2014 para uma mínima de US$ 27 em janeiro. "É um momento excelente para fazer esse tipo de investimento", diz Todd Levy, diretor-superintendente de exploração e produção da Chevron na Europa, Eurásia e o Oriente Médio.
Executivos das grandes empresas do setor dizem que veem a alta dos preços com muita cautela e alertam que ela pode levar a novos investimentos das firmas que exploram formações de xisto nos Estados Unidos e, com isso, a produção no país pode ampliar rapidamente de novo.
No ano passado, uma alta de preços semelhante perdeu fôlego rapidamente. Desde que os preços começaram a despencar, em meados de 2014, até março deste ano, as companhias adiaram ou cancelaram projetos orçados num total de US$ 270 bilhões, inclusive empreendimentos de alto custo no Ártico.
Além disso, a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia adiciona um novo nível de incertezas, impactando os mercados, na definição da demanda por petróleo e dos investimentos a serem definidos.
Mas o anúncio de ontem da Chevron é um "ponto de inflexão", diz Jason Gammel, analista sênior do setor petrolífero na firma de investimentos Jefferies, destacando que ele é o primeiro aporte de mais de US$ 10 bilhões neste ano. Desde o início de 2015, a Chevron e outras grandes petrolíferas reduziram seus orçamentos em até 25%, num total de mais de US$ 30 bilhões, e eliminaram mais de 30 mil postos de trabalho para enfrentar um longo período de preços baixos.
Isso as obrigou a correr o mundo atrás de oportunidades que atendam um conjunto de critérios bem específico: têm que permitir o aumento da produção nos anos que estão por vir, assim as empresas não encolhem de tamanho, e precisam ser rentáveis com o preço do barril na faixa de US$ 50.
Ainda assim, esses projetos levarão anos para entrar em operação. O primeiro barril de petróleo a ser extraído do projeto de expansão de Tengiz, por exemplo, não ocorrerá antes de 2022.
Algumas petrolíferas estão conseguindo cobrir seus custos com os preços se estabilizando em torno de US$ 50 o barril nas últimas semanas, dizem analistas. As reduções de custos que elas promoveram estão permitindo que paguem dividendos e invistam em novos projetos, diz Gammel. "Isso mostra que as empresas estão em um ponto onde podem considerar investimentos de longo prazo".