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Menos barreiras ao comércio exterior, mais competitividade

Executivo afirma que, se o Brasil tivesse metade da eficácia da aduana e da infraestrutura de transportes e comunicações dos exemplos mundiais, a economia do País ganharia US$ 84 bilhões

O Brasil ficou na 86ª posição na edição de 2014 do índice Enabling Trade Index, um ranking do Fórum Econômico Mundial que avalia instituições, políticas e serviços facilitadores do comércio global de mercadorias do ano. Participaram da avaliação 138 países, entre os quais mesmo de outras nações emergentes garantiram melhores posições do que o Brasil, como a China (54ª posição) e a África do Sul (56ª).

Na análise de Fernando Martins, sócio da Bain & Company, empresa internacional de consultoria estratégica com especialização em diversos mercados, esse tipo de comparativo entre países aponta para o fato de que o Brasil ainda deixa a desejar no seu potencial de competição no mercado global. “Reduzir barreiras na cadeia de suprimento vem se tornando um tema muito relevante no comércio global, devido ao impacto que isso pode ter na competitividade de um país e no crescimento econômico”, diz o executivo.

Como uma das ações para tentar reverter esse cenário, o Brasil assinou o TFA (Trade Facilitation Agreement) junto à OMC (Organização Mundial de Comércio) que tem, entre os principais compromissos, minimizar barreiras na cadeia de suprimentos que possam prejudicar o comércio global, incluindo, por exemplo, medidas protecionistas e gargalos na infraestrutura ou ambientes regulatórios pouco favoráveis às empresas.

Em um recente relatório sobre o tema, intitulado “Enabling Trade in Brazil” os especialistas da Bain & Company argumentaram que “eliminar parte dos obstáculos que inibem a atividade exportadora em setores com o maior potencial para avanços como, por exemplo, reduzir o custo de exportar, seria um bom começo para colocar a economia brasileira de volta nos trilhos”. Ao que Fernando Martins complementa: “Se apenas dois grandes componentes da cadeia de suprimento — a administração aduaneira e a infraestrutura de transportes e comunicações — tivessem uma eficácia equivalente à metade da dos melhores exemplos do mundo, US$ 84 bilhões poderiam ser somados à economia brasileira”.

Principais entraves da indústria
Bain & Company fez um levantamento com empresas de diversos setores, questionando-as sobre as dificuldades com a administração aduaneira, e alguns dos principais aspectos indicados foram: o excesso de formalidades e documentos; a falta de um processo para envio de papéis antes de os produtos chegarem ao porto; e a falta de processos de intercâmbio automatizado de dados.

Martins lembra que já há importantes passos na direção da melhoria da competitividade do país, entre os quais cita como exemplo o Portal Único, uma ferramenta implantada em 2014, na qual as empresas podem submeter, por um meio eletrônico único, todas as informações e documentos para importar, exportar e realizar o trânsito aduaneiro de mercadorias, em vez de enviar cada dado para uma agência reguladora diferente em procedimentos separados.

“Para as empresas, menos atrasos e menos dias para preparar documentos podem significar menor custo de capital e de estoque, numa economia de custo que no Brasil pode chegar a US$1,5 bilhão de dólares por ano”, afirma o executivo, que acredita que a melhor estruturação e maior transparência dos procedimentos podem alavancar o comércio exterior, aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) e atrair mais investimentos.

Fernando Martins alerta que, apesar de programas como Portal Único terem de fato um impacto relevante sobre economia, para que o avanço do país se concretize, há outros fatores fundamentais, que enumera: “o apoio governamental, o envolvimento da iniciativa privada e o acompanhamento de órgãos reguladores”. O executivo enfatiza ainda que essas iniciativas devem estar integradas a uma agenda nacional muito mais ampla e que vise melhorar a competitividade do país no cenário global.

Fonte: Guia Marítimo