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Presidente do CECIex vê na crise o momento de mover obstáculos

Em cerimônia de premiação aos exportadores, realizada nesta terça-feira (15) na Associação Comercial de São Paulo, Roberto Ticoulat atribui ao exportador a esperança de internacionalizar o Brasil

Durante a entrega do prêmio Exporta, São Paulo, que reconheceu os maiores exportadores do Estado de São Paulo no ano de 2015, o presidente do CECIex (Conselho Brasileiro das Empresas Comerciais Importadoras e Exportadoras), Roberto Ticoulat, enfatizou a necessidade de aumentar a participação do Brasil no comércio mundial e aproveitar o momento de crise como mais uma oportunidade para mudar a história do País.

De acordo com Ticoulat, o evento que premia os participantes do programa Exporta, São Paulo, coordenado por José Cândido Senna, tem grande importância por representar todas as associações do interior filiadas à Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo). Ele apontou para a importância de São Paulo na economia nacional (onde se concentram 50% das empresas comerciais exportadoras), lembrando que é no interior do Estado que está a “pujança”, dado que hoje, se São Paulo ainda cresce, “é graças ao que a gente vê no interior”.

As exportações são extremamente importantes para o país, disse o Presidente, porque aumentam a sua “chance de sucesso”, explicando que exportar é somente uma das peças do quebra-cabeças. “Estamos com um câmbio favorável às exportações, sim, mas e a nossa legislação? Faltam acordos bilaterais, e a burocracia é inacreditável”, lamentou Ticoulat.

Em tom de desabafo, Ticoulat contou ainda: “tenho nada menos do que 80 processos correndo contra a receita, porque tenho o hábito de não deixar nada para trás. E muitas vezes, depois de considerar inválida a creditação, a Receita Federal ainda exige que devolvamos os valores com juros. Porém convido a pensar uma coisa: se quem emite a nota fiscal eletrônica é a própria Receita Federal, então como é possível que considere os créditos como inválidos?”.

Na composição do PIB brasileiro, disse o presidente, 10% dos valores vêm das exportações do país. No entanto, o Brasil representa apenas 1% do mercado mundial. “Somos o quinto maior país do mundo em área e em população, a sétima economia mundial (correndo o risco de cair para a nona), porém representamos apenas 1% do mercado mundial”. Até hoje, os planos de exportação divulgados pelo governo são “demagógicos”, nas palavras de Ticoulat, uma vez que não contemplam as demandas do setor. Ele contou que, apesar de nenhuma das propostas apresentadas pelo CECIex durante a elaboração do programa OEA, o governo simplesmente não contemplou nenhuma delas. “Nada”, enfatizou.

Ainda nos dias de hoje, por exemplo, as empresas comerciais exportadoras são consideradas como atacadistas – e muitas delas nem conseguem se estabelecer nos centros municipais, por conta dessa classificação. O presidente acredita que, historicamente, no Brasil, sempre precisamos de crises para nos tornar mais competitivos. A crise, segundo ele, é um momento positivo, serve para mudar os obstáculos de lugar, e internacionalizar o Brasil. “Enquanto pensarmos que o nosso mercado de 200 milhões de pessoas é suficientemente grande, esquecemos que o mundo tem, de fato, 7 bilhões”.

“Esperamos que a sociedade brasileira reaja: tenho certeza de que o Brasil, daqui a 5 anos, será completamente diferente. Aqueles que prometeram falsos benefícios não vão conseguir trabalhar”, prospectou.

Além dos problemas burocráticos, Ticoulat também mencionou a confusa tributação do Pis/Pasep, que gera conflitos no sistema de compensação de créditos, e a necessidade de se começar a fiscalizar muito mais aqueles que não entregam as declarações de Imposto de Renda do que manter uma política de multar os contribuintes.

Em audiência anterior com o ministro Armando Monteiro, do MDIC, Ticoulat chegou a sugerir que que a RF deveria triplicar de tamanho, uma vez que, se a fiscalização ganhar mais abrangência, o peso sobre os contribuintes será reduzido. “No dia em que as pessoas andarem na linha, as coisas vão melhorar”, disse ele, classificando o Estado de São Paulo como “legalista”, ou seja: o Estado que mais arrecada impostos – porém o mais fiscalizado do Brasil.

Com otimismo, Roberto Ticoulat concluiu que o superávit brasileiro ainda vai aumentar e o País vai alavancar. “Vai mudar. Tem que mudar. E precisamos saber que fizemos a nossa parte.” 


Fonte: Guia Marítimo